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Você sabe qual foi a taxa de crescimento do número de matrículas de alunos com deficiência, no Brasil, nos últimos 10 anos?

Artigo originalmente publicado no meu perfil no LInkedin

Recentemente, após analisar alguns dados das Sinopses da Educação Básica 2023, e da Educação Superior 2022, ambas divulgadas anualmente pelo INEP, eu publiquei um post, aqui no Linkedin, sobre os números de matrículas de alunos com deficiência e superdotação nas diferentes etapas escolares, desde o ensino infantil até o superior. E os dados que mais chamou a minha atenção, foi a grande diferença entre os números de matrículas de alunos com deficiência no ensino médio, 222.142 alunos, em relação e do ensino fundamental, 1.028.582 alunos. Então, voltei à leitura das sinopses, e consultei as planilhas dos anos de 2013 à 2022, pois me interessava saber sobre a evolução dos números de matrículas de alunos com deficiência e superdotação ao longo de 10 anos. E qual não foi a minha surpresa ao constatar que justamente o ensino médio apresentou maior taxa de crescimento.

Antes, de prosseguir, considero importante informar que essas sinopses são publicadas pelo INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais  Anísio Teixeira, que anualmente promove a coleta e a publicação de informações sobre a educação brasileira, com a realização do Censo Escolar e  Censo de Educação Superior. As informações sobre as matrículas de alunos com deficiência na educação básica estão nas planilhas que informam sobre o número de matrículas em educação especial em classes comuns, e na educação superior, em planilhas que reúnem informações sobre as matrículas de alunos “portadores de necessidades especiais”, e que incluem os alunos com altas habilidades e superdotação.

Considero importante lembrar que neste ano, 2024, a assinatura da Declaração de Salamanca, uma resolução da ONU, um importante documento que trata sobre os princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais, completa 30 anos. Este documento foi assinado pelos delegados, representantes de 92 países e 25 organizações internacionais, que participaram da Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais, e reafirmaram o compromisso de Educação para Todos. Neste documento, os signatários concordaram que crianças e jovens com necessidades educativas especiais devem ter acesso às escolas regulares, que devem se adequar às necessidades desses alunos, pois acreditam que essas escolas são “os meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias”, contribuindo para uma sociedade inclusiva. Esses delegados retornaram aos seus países de origem, com o compromisso de fomentar políticas e ações que promovessem a educação inclusiva.

Após uma breve explicação sobre o trabalho de coleta e divulgação das estatísticas do INEP, e sobre a Declaração de Salamanca, voltemos às informações estatísticas divulgadas pelo INEP.

Na sinopse, que reúne as informações do Educação Básica de 1995, ano seguinte à assinatura da Declaração de Salamanca, não consta nenhuma planilha com informações sobre matrícula de alunos com deficiência. Essas informações aparecem somente na sinopse de 1996, com a inclusão da planilha 1.9, com o título EDUCAÇÃO ESPECIAL – Número de Alunos Matriculados na Educação Especial por Grau de Ensino e por Tipo de Excepcionalidade – 1996, que informa o total de 201.142 alunos matriculados na Educação Especial, sendo 78.948 na Pré-Escola, 118.575 no ensino fundamental e 3619 alunos no ensino médio. Já na sinopse de 1997, a planilha que reúne informações sobre alunos com deficiência, foi renomeada para 1.15 – Número de alunos Portadores de Necessidades Especiais, Matriculados em 26/03/97, por Nível de Ensino e por Tipo de Excepcionalidade – 1997.

A inclusão da terminologia “em classes especiais de escola regular” aparece somente no censo de 1998, a partir de então o INEP tem disponibilizado esses relatórios, em planilha Excell, e em alguns anos em PDF, todos disponíveis no sítio do instituto www.gov.br/inep. Ao longo dos anos, o tratamento dos dados foi sendo modificado, com a inclusão de novas nomenclaturas sobre os tipos de necessidades especiais, como por exemplo, a inclusão da Altas Habilidades, Múltiplas, intelectual (pois, por algum tempo constava apenas a nomenclatura “mental”. Na sinopse que trata sobre as informações do Censo de Educação Básica de 2023, a planilha traz no seu título a seguinte descrição: “número da Educação Especial em Classes Comuns ou Classes Exclusivas.

As informações sobre o número de alunos com deficiência matriculados no ensino superior só aparecem a partir da Sinopse Estatística da Educação Superior de 2012. As informações relativas à Educação Superior são coletadas pelo Censo da Educação Superior, que utiliza as informações do cadastro do Sistema e-MEC, e as planilhas que contém esses números utilizam a nomenclatura “portadores de necessidades especiais”.

Voltemos então ao objetivo inicial deste artigo, conforme comuniquei logo no início, que é sobre a apresentação da taxa de crescimento do número de alunos com deficiência no período de 2013 a 2022. Peço a leitor, que ao conhecer esses números, considere as ações que foram implementadas a partir da assinatura da Declaração de Salamanca, em 1994, bem como políticas afirmativas que surgiram nesse período, e que foram inúmeras. Pois, os números refletem as conquistas obtidas desde então.

No período mencionado, o crescimento do número de matrículas foi de 307% na educação infantil , 81% no ensino fundamental , 329% no ensino médio e 173% no ensino superior. Esses números são bastante expressivos quando comparados ao número total de matrículas na educação brasileira que apresenta declínio em algumas das etapas de ensino. Vejamos: crescimento de 19% no ensino infantil e 29% no ensino superior, e declínio de 9% no ensino fundamental e de 5% no ensino médio.

Em termos de números, em 2022, tinhamos um total de 47.304.632 alunos matriculados na educação básica, sendo 1.771.430 matriculados na educação especial em classes comuns. No ensino superior, um total de 9.444.116 matrículas, e 79.262 alunos com necessidades especiais matriculados. Ou seja, a representatividade de alunos com deficiência na educação básica é de cerca de 3,7% e, na no ensino superior não a chega a 1%.

Espero que esses números possam ser analisados pelos diferentes atores que atuam na área da inclusão de alunos com deficiência na educação, e fomentar discussões que possam retroalimentar as ações afirmativas.

Por uma mudança atitudinal

A lei nº 13.146, a Lei Brasileira de Inclusão, a LBI completou cinco anos. Aprovada no dia 6 de julho de 2015, essa lei trouxe avanços importantes na luta pelos direitos da pessoas com deficiência.

E uma das grandes contribuições que esta lei trouxe foi sobre a avaliação biopsicossocial da deficiência, incorporando uma visão social de modo a convidar a sociedade a não ver a deficiência apenas sob a ótica médica, ou como um desvio do que seria considerado “saudável”.

Quando lemos a lei, encontramos em suas linhas e entrelinhas, um convite para reconhecer que as barreiras são criadas por uma sociedade que não oferece condições de equidade de participação da pessoa com deficiência nas mais diversas esferas. Ela nos convida a desviar o foco das limitações causadas pela deficiência, para o das possibilidades geradas pelos recursos de acessibilidade.

E acessibilidade não se restringe apenas à dimensão arquitetônica, pois existem outras dimensões da acessibilidade muito bem listadas por Romeu Sassaki.

  1. Acessibilidade Arquitetônica
  2. Acessibilidade Comunicacional
  3. Acessibilidade Atitudinal
  4. Acessibilidade Programática
  5. Acessibilidade Metodológica
  6. Acessibilidade Instrumental
  7. Acessibilidade Natural

E neste post convido o leitor a refletir sobre a dimensão 3, a acessibilidade atitudinal. Porque as demais precisam que alguém decida implementá-las, é preciso ação, é preciso atitude. E quando as coisas não acontecem como deveriam ser para que uma sociedade seja inclusiva, alguém deixou de decidir ou agir, seja por desconhecimento, seja por preconceito.

E atitudes estão muito ligadas às crenças e valores que norteiam o comportamento das pessoas. Então só nos resta perguntar como as nossas crenças e valores influenciam sobre o modo como pensamos sobre deficiência? Uma pessoa com deficiência é alguém de menor valor para a sociedade? A pessoa com deficiência pode ser considerada “incapaz” porque não recebeu os recursos de acessibilidade que permitiriam o seu desempenho em qualquer esfera da sociedade? Nós sabemos como agir e o que fazer quando precisamos interagir com alguém com deficiência?

As dúvidas assustam? É mais cômodo desviar o olhar, assim como fazemos quando vemos alguém com deficiência, e fingimos “não ver”? Muitas vezes, não percebemos essas atitudes em nós mesmos, porque agimos assim de modo automático. É um hábito, crescemos pensando dessa maneira.

Mas como mudar? Convivendo.

Sim, a convivência nos ensina, a convivência promove conhecimento do outro. Aprendemos sobre o jeito de ser do outro, aprendemos a como se comunicar com o outro, aprendemos a aceitar o jeito como o outro executa uma tarefa. Não há certo ou errado, normal ou anormal. Todos somos diferentes, a isso se chama diversidade.

Não tenha vergonha de perguntar a uma pessoas com deficiência sobre como você deve agir como ela, como se comunicar com um surdo, como auxiliar um cego, respeitar o ritmo do raciocínio ou da fala de uma pessoa com deficiência intelectual. Essas interações devem ser incentivadas, pois todos aprendem.

As pessoas com deficiência precisam ser incluídas, mas quando uma pessoa que não tem deficiência aprende como interagir e conviver com a pessoa com deficiência, ela também é incluída em uma nova realidade. Quando a interação acontece, inicia-se um processo de aprendizado, e a cada interação um tijolo de preconceito, de desconhecimento cai, e no lugar entra um componente novo, que é o saber agir. O conhecimento e a experiência, resultantes dessa convivência, são fundamentais para a promoção de uma mudança atitudinal.

E-book sobre COMUNICAÇÃO, DIVERSIDADES E ORGANIZAÇÕES: pensamento e ação é lançado pela Abrapcorp

A obra COMUNICAÇÃO, DIVERSIDADES E ORGANIZAÇÕES: pensamento e ação, é o título mais recente, faz parte da coleção intitulada “ Rede Abrapcorp”, que é composta por 11 artigos e ensaios que trazem algumas das discussões trabalhadas no XII Congresso Abrapcorp, realizado em Goiânia, em maio de 2018, na Universidade Federal de Goiás. O tema central da coleção faz uma reflexão de como as relações humanas estão ameaçadas pela constante dificuldade dos indivíduos em aceitar as diversidades, e como os campos de comunicação organizacional e das relações públicas tem evoluído, gerando espaço para crítica, reflexão e ação no que diz respeito à aumento da inclusão.

“ Uma breve reflexão sobre o ambiente organizacional como um espaço de desconstrução de barreiras para inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho”, qó título de um dos artigos da coletânea.

O artigo disserta sobre conceitos de diversidade e inclusão nas organizações. Esses conceitos são muito importantes para que o processo de inclusão acontece. “ Gestores e colaboradores têm recebido colegas de trabalho e se deparado com os desafios que vão desde a revisão de suas crenças sobre o que é deficiência até o questionamento sobre a capacidade de seu colega com deficiência, e não podemos deixar de mencionar, também, as dificuldades, inerentes a interações sociais, que inevitavelmente acabam surgindo no cotidiano das empresas”.

A coletânea também contempla outros artigos sobre o tema diversidade nas organizações.

Para acessar o E-Book com a coletânea , clique aqui!

Quando professores e alunos são parceiros, acessibilidade acontece

Um turma do curso de Ciências Biológicas da Unicid, saiu para um passeio em campo, no grupo há um aluno surdo e outro com paralisia cerebral, e com envolvimento de colegas e professora todos puderam aproveitar e aprender muito. Leia a notícia do link.

https://www.unicid.edu.br/ciencias-biologicas-visita-campo-jardim-botanico/

Primeiro aluno surdo formado na UNICID ministra palestra para a turma de Telecomunicações

Com o apoio da coordenação do curso de Engenharia Elétrica da UNICID, o ex-aluno de Engenharia Elétrica Roberto Paciulo Castilho, primeiro aluno surdo formado na UNICID em 2006, fez uma palestra no dia 25 de setembro para uma turma do curso de Telecomunicações. Ele compartilhou seus conhecimentos e experiência profissional com os alunos.

Hoje, Roberto está terminando o seu mestrado no Mackenzie e é Engenheiro Telecom Pleno na empresa Vivo.

Ele fez a palestra usando Libras, a língua brasileira de sinais, e uma intérprete de Libras da equipe do Núcleo de Acessibilidade (NAce) da universidade, fez a tradução para voz.

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Segundo o professor Paulo Rui de Oliveira, coordenador do curso, foi uma excelente experiência.

“Excelente. Os alunos gostaram, principalmente por ser um tema de interesse da classe. Apontaram algumas dificuldades com comunicação, mas nada que atrapalhasse o bom andamento e entendimento do conteúdo. O Roberto conseguiu se comunicar bem, demonstrando domínio do assunto e segurança na passagem da informação. Conseguiu interagir com a classe também e a classe retribuiu também”, afirmou o professor Paulo.

A surdez consiste na impossibilidade de ouvir e poder se expressar na língua falada, mas quando o surdo tem a oportunidade de ter acesso ao conhecimento por meio da sua língua natural, a língua de sinais, ele tem plenas possibilidades de desenvolvimento. Esta experiência demonstrou que a barreira da comunicação pode sim, ser contornada, quando recursos de acessibilidade são mobilizados, como foi a presença de um intérprete da Língua Brasileira de Sinais, a LIBRAS, reconhecida desde 2002, com a lei 10.436 como a língua oficial da comunidade surda.

 

Quando a amor escolhe, enxergamos o que o laudo não mostra

https://youtu.be/KID3Jz7VZ3o

Evento sobre diversidade discute sobre pessoas com deficiência nas organizações

Nos dias 16 a 19 de maio de 2018, aconteceu em na UFG, em Goiânia, o XII Congresso Abrapcorp, Associação Brasileira de Pesquisadores de Comunicação Organizacional e Relações Públicas, que teve como tema Comunicação – Diversidade – Organizações.

Fui convidada para participar, junto com a Profª Dra. Raquel Cabral (UNESP) da mesa Diversidade: pessoas com deficiência na comunicação e interculturalidade. Nesta oportunidade pude compartilhar algumas conclusões e percepções, frutos de quase 20 anos estudando o tema. Nos dias que antecederam o evento, refleti muito sobre o que falar em apenas 20 minutos. São tantas experiências, leituras, reflexões, que seria impossível abordar tudo. Foi então que decidi deixar provocações, de modo a suscitar nos participantes do congresso a vontade de continuar a pesquisar.

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Neste oportunidade destaquei que o fenômeno do aumento da presença de pessoas com deficiência nas organizações nos tempos atuais, é muito mais resultado do compromisso assumido pelos 88 países signatários da Declaração de Salamanca, que aconteceu em 1994, do que propriamente da Lei de Cotas aprovada em 1991.

Por que cheguei a essa conclusão? A lei de cotas já completou 27 anos, e menos de 1% da população de pessoas com deficiência estão no mercado de trabalho, segundo dados das Rais de 2015. E dentre as desculpas fornecidas pelas empresas por não cumprirem as cotas, é o custo das adaptações e a falta de qualificação das pessoas com deficiência. Porém, o Inep,  Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, revelou que no período de 2004 a 2014, o número de alunos com deficiência matriculados no ensino superior aumentou 518,66%, com 33.377 matrículas. Embora o aumento tenha sido significativo, representa apenas 0,42% do total de alunos matriculados no ensino superior.

Por que esse aumento significativo? Lembram que eu mencionei a Declaração de Salamanca? Pois é, esse documento assinado por membros da ONU, tratou sobre políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais, os países signatários desse documento assumiram compromissos de implementar essas políticas. Se fizermos as contas, as crianças que foram beneficiadas por essas políticas, que mesmo com muitas dificuldades conseguiram ser implementadas em alguns lugares, são os jovens adultos, que hoje que estão batendo as portas das instituições de ensino superior ou cursos profissionalizantes. E muitos já estão se candidatando às vagas no mercado de trabalho. Essa é a nova realidade das organizações, e a contratação de pessoas com deficiência para cumprir a cota é a parte mais fácil, pois quem irá lidar com essa nova realidade são os principais atores desse cenário: o contratados, os demais colaboradores e os gestores.

A verdadeira inclusão acontece na convivência do cotidiano organizacional, por meio das experiências compartilhadas que promoverão um ambiente rico de aprendizado para todos, de modo a contribuir para a desconstrução de mitos e pré-conceitos. Adaptação arquitetônica, tecnologia assistiva e outros recursos de acessibilidade são ações instrumentais, pontuais, que devem ser acompanhadas por um movimento de mudança de cultura. Sair da cultura médica da deficiência, que enxerga somente as limitações, para uma cultura social, que contempla as funcionalidades e potencialidades da pessoa com deficiência. E os profissionais de comunicação corporativa e de relações públicas têm papel fundamental para ajudar as organizações neste cenário.

E por isso, a inclusão desta discussão em um evento que reúne pesquisadores de comunicação corporativa e relações públicas é muito pertinente, pois estão sendo implementadas e regulamentadas muitas das recomendações da Lei Brasileira da Inclusão, lei nº 13.146 aprovada em 2015, que no capítulo IV que trata da educação contempla uma artigo que determina a inclusão da temática nas grades curriculares dos cursos de ensino superior de todas as áreas.

Por falta de literatura da área que trate desse tema em áreas específicas, muitos estão aprendendo no dia a dia. Experimentando, conversando, trocando ideias e experiências. Outros estão aprendendo e registrando essas experiências, para um dia fomentar um arcabouço teórico. Eu mesma, tenho pesquisado e aprendido muito à frente da coordenação de um Núcleo de Acessibilidade de uma universidade. Conversar com os alunos, conhecer suas necessidades, pensar com coordenadores e professores como mudar uma metodologia, mobilizar diversos setores da instituição para providenciar os recursos necessários, estão entre algumas das ações que realizamos no dia a dia. A interlocução com os diversos setores da instituição tem sido de fundamental importância.

Uma história milenar de exclusão não se muda da noite para o dia. É preciso humildade para aprender. Perseverança diante das dificuldades. Persistência diante das resistências culturais. É precisos pesquisar, compartilhar, espero sinceramente que cada um que participou deste evento sobre diversidade, seja uma semente na pesquisa na área da comunicação.

 

Tudo pode ser diferente… Pense.

Faz tempo que não escrevo no meu blog.

Senti saudades! Mas muitas coisas aconteceram em minha vida pessoal e profissional. No entanto, a minha caminhada na seara da inclusão e acessibilidade prosseguiu tanto no nível profissional quanto acadêmico. Sempre atenta às minhas percepções e aberta a desenvolver um outro olhar.

Nesse período aprendi muitas coisas, coisas que quem é apenas especialista, mas não convive com as pessoas com deficiência nem cogita. Os relacionamentos com pessoas com deficiência significa entrar em contato com o seu ponto de vista. É ouvir o seu lado, e não considerar que elas são sensíveis e que só reclamam.

Estar aberto a entender a cultura do surdo, deixando de lado o ponto de vista de ouvinte. É entender como o cego enxerga o mundo, e não tentar interpretar esse mundo do ponto de vista de quem enxerga. É sentir as dificuldades que os obstáculos causam para quem tem deficiência física, como por exemplo não estacionar em vaga especial para pessoas com deficiência, nem que for por apenas um minuto.

Pensar nas diferenças como uma outra forma de ver e viver a vida. é abrir mão de que as coisas só podem ser do jeito que conhecemos. É entender que também podemos adaptar nossas práticas, nossas ideias, nossos olhares, incluindo o outro. E isso, não é pedir muito, pois as pessoas com deficiência já estão há séculos tentando se adaptar a um mundo que não foi pensado incluindo a sua presença.

Pense… e reflita!

 

 

Não podemos mais cochilar

​Lamento que o início da história do Brasil tenha sido o que foi,  com a matança dos índios e exploração das riquezas naturais sem contrapartida para a nossa terra brasileira. 
Lamento que a cobiça e a crueldade dos coronéis tenham ludibriado e explorado tanta gente como se o Brasil fosse seu feudo.
Lamento que a escravidão tenha deixado tantas marcas,  não só na alma das pessoas negras, mas em todos os brasileiros que nasceram e cresceram numa cultura marcada por desigualdades.
Lamento que a ditadura tenha deixado cicatrizes eternas, mas parece que a lição não foi assimilada.
Porem, a história não precisa se perpetuar por meio de práticas e decisões que já não cabem mais no mundo de hoje. 
É hora do BASTA! É  hora de parar de acreditar que as coisas são assim mesmo! É  hora desses “representantes jurássicos” serem extintos por meio da destituição do poder.
É chegada a hora do GIGANTE ACORDAR e se manter vigilante. Não nos é dado mais o direito de cochilar.

Inclusão de pessoas com deficiência no ensino superior é tema do Programa Sinprafarma Saúde.